"É preciso que o educador tenha empatia pelo momento do desenvolvimento biológico dos alunos."
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A APRENDIZAGEM SEGUNDO A NEUROCIÊNCIA!
Para a neurociência, aprender é guardar uma informação na memória de longa duração, de forma que ela possa ser resgatada quando você precisar dela. Entretanto, com frequência, os conteúdos escolares acabam na memória de curta duração dos alunos, que dura de 4 a 6 horas. “Eles estudam para a prova, despejam no papel aqueles dados exatamente da maneira como o professor expôs e, terminada a avaliação, esquecem”.
Como levar o conhecimento à memória de longa duração? Com significado. Se a informação não fizer sentido para os jovens de alguma forma, eles não conseguirão resgatá-la ou conectá-la com outras logo no dia seguinte.
Entender o caminho que essas informações percorrem até chegar ao cérebro também contribui para práticas pedagógicas que acolham diferentes perfis. “O material da educação é o cérebro do aluno; se eu não sei como esse cérebro se desenvolve, como vou selecionar as melhores estratégias?”, questiona Kátia. Ela explica que a neurociência esclareceu a existência de inteligências múltiplas – dentre elas, visual, cinestésica, auditiva. “Hoje, estima-se que 19% dos alunos tenham inteligência auditiva. Portanto, se o professor só falar em sala de aula, 81% dos estudantes não vão aprender da melhor forma. Se ele usar recursos táteis, visuais, até olfatórios, a aprendizagem é potencializada”.
A especialista em neurociência ressalta que, acima de tudo, é preciso que o educador tenha empatia pelo momento do desenvolvimento biológico dos alunos – que, sim, também afeta a aprendizagem. “É uma fase de muitas mudanças hormonais; os adolescentes vão crescer entre 40 e 50 centímetros em três anos. Esses hormônios ocasionam oscilações de humor, o que os torna mais chorosos ou agressivos, e mexem no relógio biológico, então eles ficam mais sonolentos”. Para a escola, fica a missão de oferecer aulas mais ativas, interativas e que movimentem a turma como um coletivo – valorizando outra especificidade dessa faixa etária: o novo peso da vida social e da validação do grupo.
Geração Y, millennials, nativos digitais. Há muitos nomes para se referir à geração de jovens que já nasceu imersa na internet, entre os anos 1980 e 2000. De acordo com a neurociência, há certas características comuns ao grupo: o imediatismo, a multitarefa, menor tempo de concentração, a adaptabilidade, a busca por uma relação estreita entre trabalho e lazer.
“As gerações anteriores tinham um tempo maior para a resolução de problemas. Antes, se você tivesse uma briga no colégio, você iria para casa – no máximo, falaria com a melhor amiga por telefone -, você dormia com esse problema e ele só seria enfrentado no dia seguinte”, explica a pedagoga e especialista em neurociência Kátia Chedid. “Hoje, o adolescente não só posta nas redes sociais sobre o conflito como transforma isso em uma ‘hecatombe mundial’, porque envolve conhecidos do mundo inteiro na discussão”, conclui.
Fica claro que o tipo de relacionamento que os nativos digitais têm com o mundo é bem diferente dos que vieram antes deles. A necessidade de processar um grande volume de informações influenciou as atitudes dos jovens não apenas quando conectados, mas também quando frequentam outros ambientes – como a escola, por exemplo.
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